Infância

14 abril, 2008

Ontem fui correndo pra faculdade... mais uma vez atrasada!
Chegando na Avenida Presidente Vargas, vi o sinal abrir pros carros, fui obrigada a parar. Parado do meu lado no sinal, olhei um menino lindo, de no máximo seis anos, pequenininho... segurando 3 latinhas de refrigerante amassadas em um saquinho sujo, sem camisa e descalço. Fiquei olhando aquela criança até o sinal fechar e ele sair andando, tentando pisar só nas listras brancas da faixa de pedestre (coisa de criança, pensei).
O moleque tinha intimidade com as ruas, atravessou a 3° pista da avenida com o sinal pra pedestres fechado, parou em frente ao hotel Guanabara e fechou os olhos, para sentir no rosto o ar frio que saía quando a porta de vidro abria. Passei por ele, dei uma última olhada e continuei correndo.
Precisei parar no caixa eletrônico. Apoiei meu fichário na bancada do caixa, tirei meu cartão da bolsa e saquei R$70,00 (que precisam durar até domingo). Saí do banco sem medo de ser assaltada, pois os meliantes da área já estavam acomodados em colchões, em frente ao próprio banco. “Fim de expediente”.
Cheguei atrasada 1h e 10mim e só tinha lugar no fundo da sala, quando alcancei a cadeira e apontei sentar me dei por conta: __Puta que os pariu! Esqueci o fichário no banco...
Larguei a bolsa assistindo aula para mim e fiz o caminho inverso correndo de verdade. Chegando perto do banco, vi parado no ponto de táxi da esquina aquela mesma criança do sinal da Avenida, segurando o meu fichário pela alça, balançando pra lá e pra cá. Cheguei devagar, pedi licença, abaixei (para ficar do tamanho dele) e disse que esqueci no banco um fichário muito parecido com aquele:

__É o seu então tia.
(Era o próprio, eu não acreditei na coincidência.)
__Eu não ia ficar pra mim não tia, só ia ficar aqui perto esperando o dono aparecer. O banco fecha daqui a pouco sabia? Eles iam trancar lá dentro. Eu fico aqui a noite toda. Ninguém ia roubar também... blá blá blá
(Ele tentou me justificar o bem que tinha me feito como se fosse um erro)
__Obrigada! Você foi um ótimo guardião. Aceita um lanche?

O menino deu um sorriso aliviado e me acompanhou até a banca de jornal mais perto. Enquanto comia um biscoito recheado com coca-cola eu comprei algumas bobagens para ele. Agradeci mais uma vez e recebi um sorriso.

__Brigada também tia, vou guardar pra amanhã. Comi muito!
__De nada. Qual é mesmo o seu nome?
__Wesley. E o seu?
__Renata.

Me embargou a voz, lhe passei a mão na cabeça, retribuí o sorriso e voltei na direção da faculdade, dessa vez, sem força para correr. Eu estava anestesiada com a situação daquele menino. Pensei tantas coisas:
Ele mora na rua, e vai aprender a roubar!
Do jeito que ele se desculpou tanto por ter feito algo bom... ele deve apanhar de alguém!
Cadê a mãe dessa criança?

***

Voltei pra aula e cheguei na hora do intervalo, pouco preocupada com isso.
Mas estou pensando até hoje na próxima vez que vou ver o Wesley.

***

Amigos,
1) Estou um pouco sem tempo para organizar as histórias que recebi, mas garanto que estão todas guardadas e devidamente identificadas para dar os devidos créditos.
2) Coloquei um link para o meu e-mail na coluna ao lado, para continuar recebendo as boas coisas, que entrarão nas novas Colunas do Meu Infinito.
3) Vou criar um Award para quem tiver a história postada aqui.
4) Criei um "Menu Fácil", onde pretendo dividir com vocês alguns utilitários.

*Acesse o marcador "Flores" para conferir.*

Todas essas coisas devem ficar prontas semana que vem, depois das provas da Facul!

Boa Semana a todos!
beijos e Beijos

9 comentários:

regina claudia brandão disse...

como eu costumo dizer, sem arrogância mas com o poder da certeza: o blog é meu escrevo quanto e sobre o que quiser ... rs ...
graaaaaaande coisa nenhuma!!!
li em um segundo, correndo mais que vc, louca pra saber o final da história. vou montar o link e encaminhar os meus leitores até a sua estória. beijo. boa semana. rê.

regina claudia brandão disse...

pronto!!! vai lá ver. coloquei sua estória na sidebar sob o título ***corra rê, corra!!!***
ficou legal.
beijo.

B. disse...

Princess,

Nem sei o que dizer... Penso nessas crianças todos os dias e me aperta o coração de vê-las assim!

O que fazer? (...)

Te amo muito,
Saudades!

Iara Maria Carvalho disse...

obrigada pela visita à minha Janela...como chegou lá, menina?

abraços...

Iara

Chris Rodrigues disse...

Olá Renata
obrigada pela visita e comovente o seu relato com o Wesley. Que o menino encontre um bom futuro pela frente.

A que está escrita. disse...

Menina, cheguei aqui e tomei um susto! Teu layout é igual ao do meu "Colar"! Passa lá para ver!
Gostei do seu espaço e vou voltar outra vezes!
A vida dessas crianças também me deixa, ao mesmo tempo, indignada e triste.Ótimo post!

Menina da Imprensa disse...

Criança que vive de tudo, experimenta de tudo, só não não tem o direito de ser criança... Assunto difícil,que sempre rende pauta...Thanks pela visita,vou voltar aqui mais vezes.
Smaaakc

MARIUS QUIRÓZ disse...

Como a maioria dos blogueiros, costumo passear pela rede para conhecer outros blogs e pessoas.

O que contaste mexe com os sentimentos das pessoas que ainda têm sensibilidade para enxergar a realidade "do outro".

Lendo o teu texto recordei de uma situação que aconteceu comigo quando era mais jovem. Foi marcante e terei a satisfação de em breve dividir com os amigos e visitantes em meu blog.

Bjos

Menina da Imprensa disse...

Atualiza, pleaaaaaaase
Kisses